quinta-feira, 27 de maio de 2010

As primeiras astrofotos

Inicio de noite. Dia 23/04/2010, por volta de 19:00 horas. Equipamento todo conectado, notebook, CCD, telescópio em alinhamento polar razoável. Dois dias antes, na primeira experiência, tentativas frustradas diante de um foco que teimava em não acontecer: a câmara CCD estava posicionada muito distante do mesmo, necessitava de alguma adaptação que os aproximasse. Após pesquisa em vão em sites especializados, resolvi inspecionar o receptáculo da ocular. Um pequeno movimento de torção revelou que o mesmo estava rosqueado na base. E qual não foi a agrabilíssima surpresa quando descobri que a CCD também podia ser rosqueada nessa base, aproximando-a do tão desejado ponto de foco. Apontei o telescópio para um ponto fixo (Centro Administrativo do Governo de Minas) e comecei a movimentar o parafuso de foco. Após pouco tempo, bingo!, foco perfeito, a bela edificação de Niemeyer mostrou-se nitidamente, toda iluminada. Restava agora apontar o telescópio para o céu. A lua crescente era um bom alvo. Mandei o telescópio se mover para ela e ele foi exato. Alguns ajustes no foco e lá estava ela na tela do notebook. Mandei a CCD capturar e o resultado foi esse:
Bem, agora restava saciar minha maior curiosidade: registrar objetos de céu profundo, os quais eu já vinha observando há 6 anos, mas de maneira precária, devido à alta poluição luminosa de Belo Horizonte. No céu, a oeste, a deslumbrante constelação de Orion com as Três Marias ao centro se mostrava imponente e convidativa. Orion possui uma das mais belas nebulosas que se pode observar, inclusive a olho nu em um local escuro, a denominada M42. No centro dessa nebulosa existe o trapézio, um conjunto de quatro estrelas, mas que a olho nu parecem ser somente uma. Manualmente apontei o telescópio para ele. Muito bom, na tela do notebook pude vislumbrar nitidamente o trapézio, com alguma nebulosidade ao redor. A imagem obtida foi a seguinte:


Essa imagem apresenta uma leve nebulosidade ao redor do trapézio, mas exibe mais detalhes que o que se vê por uma ocular de 25 mm em telescópio f/5. Resolvi então, tentar um tempo maior de exposição. 15s me pareceu razoável. Acionei a câmera, 15, 14, 13,.....7, 6, 5, 4 ,3, 2, 1...mais um ou dois segundos de espera e ...uau! que imagem! A nebulosidade ao redor do trapézio revelou-se em sua plenitude! Minha sensação deve ter sido parecida com a dos cientistas da Nasa quando viram a primeira imagem do Hubble após as correções óticas. Vejam a imagem que obtive:





Orion é uma nebulosa de emissão, os gases ao redor das estrelas absorvem radiação UV proveniente da mesmas e emitem luz visível, principalmente no comprimento de onda do vermelho. Utilizo uma câmara CCD Meade DSI II Pro, que é preto e branco, mas ideal para atrofotografia por possui maior sensibilidade que coloridas análogas. Logo em seguida, tomei exposições de 8s com filtros vermelho, verde e azul. O resultado após composição das imagens foi esse:



Continuo fotografando o céu e vou publicar meus resultados aqui. Ainda estou aprendendo, a coleta e o processamento de imagens astronômicas é uma arte cujas nuances assimilam-se gradativamente. Ainda estou melhorando o alinhamento polar do telescópio, tenho conseguido exposições de alguns minutos com pouco ou nenhum deslocamento, o que permitir-me-á obter imagens mais minuciosas.
Acho que não paro mais. A sensação de poder coletar fósseis de milhares ou até milhões de anos no terraço de minha casa é indescritível.







M8

M8-Nebulosa Lagoa


Ascensão Reta: 18 : 03.8
Declinação: -24 : 23
Distância: 5.200 anos-luz
Magnitude: 6.0
Imagem obtida em carárer de teste no dia 16/05/2010 às 4:44 com 3 filtros R,G e B e processada no mesmo dia.
Equipamento: Skywatcher Newtonian 8" on EQ5PRO Mount - CCD Meade DSI Pro

Modelo MPS-Br

Teste

Estrela WR104

Localizada na constelação de Sagitarius, a cerca de 8000 anos luz da terra, WR104 é um gigante estelar, prestes a sucumbir como uma supernova.